Escrevi essa crônica há algum tempo, espero que gostem...
Sentou-se, fechou os olhos e imaginou a vida, a vida que queria ter. Imaginou os sonhos que poderia ter. Simplesmente imaginou, esqueceu-se de abrir os olhos e levantar...
Fazia tempo não encontrava descanso maior, fazia décadas talvez que estivesse esquecendo de refletir mais sobre a vida e seus sonhos. Durante sua existência nunca pensou ou se colocou a pensar como agora o estava fazendo. Encontrou este banco de praça, diga-se de passagem, um lindo banco, numa também linda praça. Folhas ao vento, vento este que transmitia a seus ouvidos o som tranquilo de uma natureza em paz. Encontrou-o sem propósito, quem sabe fosse o destino, mas o fato é que descobriu um canto para refugiar-se, meditar.
Sabiamente
começou do zero, claro que não lembrava-se de quando nascera, aliás ninguém se lembra. Mas pensou como deveria ter sido, sua
bela mãe, mesmo que um parto causasse dores nunca teria deixado de
expor aquele lindo sorriso. De mostrar-lhe com seus olhos
cristalinos, o amor que sentia por esse novo ser. Fechou os olhos e
imaginou. Imaginou a sala do hospital, com enfermeiros e médicos
todos de branco, um pouco diferente dos atuais, devido a época, mas
com o mesmo propósito de trazer uma nova vida a Terra.
Depois
seguiu adiante, os primeiros passos, a felicidade de seus pais quando
as primeiras palavras de sua boca saíram. Também lembrou-se dos
primeiros tombos, como era uma criança muito levada, sempre
aprontava, no entanto, como dizia sua mãe "não sentia dor,
era só uma lágrima que escorria e logo encontrava outro lugar
“perigoso” para meter-se". Época boa, disse uma vez o pai, porque
mesmo com os tombos e a preocupação, poderiam facilmente
segurar-lhe pelas mãos e cuidá-lo.
Foi
crescendo, e em sua imaginação os tempos loucos da juventude
lembrando. E que juventude!Tantas diversões, lembrou-se do primeiro
beijo, do primeiro amor e também da primeira decepção amorosa. E
pensou ”faz parte, o mundo não é somente rosas”. De repente
sorriu quando divagações levaram-no para os sonhos de jovem, as
viagens que queria ter feito, poucas concretizou, mas todas guardou
bem lá no fundo do coração. Lembrou também das responsabilidades,
dos momentos de crise. A crise no casamento, o divórcio, a reconciliação e finalmente a descoberta de que um ser com seus genes viria ao mundo.
Guardou
na memória o lindo som que seu primeiro e único filho gerou ao
nascer. E tudo recomeçava, pareciam carne e osso, as pessoas
sempre diziam: "tal pai, tal filho" e era a mais pura verdade. Quando
percebeu, estava diante de seu reflexo, só que anos mais novo... E
também acabou percebendo que toda sua vida sim valeu a pena, que
mesmo estando sempre a espera de um milagre, deu-se conta que a
própria vida era uma milagre e continuava sendo... Quando
voltou a realidade lembrou-se disso, seu filho estava a sua espera,
porém para desejar-lhe felicidades, “era o novo avô do planeta”,
levantou-se seguiu a passos, levantou –se para viver, sonhando e
pedindo para poder apreciar o desenvolvimento de mais uma geração...
Ingritt Maiara da Silva
"deu-se conta que a própria vida era uma milagre e continuava sendo..."
ResponderExcluirAlgo que todos nós devíamos nos dar conta. Ótima crônica 😍
"deu-se conta que a própria vida era uma milagre e continuava sendo..."
ResponderExcluirAlgo que todos nós devíamos nos dar conta. Ótima crônica 😍